











Centro de Referência do Artesanato Brasileiro
Histórico do Monumento
O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), ocupa os edifícios de nº 67, 69 e 71 da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, um conjunto arquitetônico do início do século XIX. Esses imóveis foram restaurados para que o conjunto arquitetônico se tornasse a casa do artesão brasileiro. A iniciativa foi do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e marca a transformação de toda estrutura em um moderno centro cultural.
O imóvel de nº 67 foi construído antes de 1808, como residência nobre de feição colonial. Por volta de 1813, foi adquirido pelo Visconde do Rio Seco, que veio com a corte para o Brasil como tesoureiro da Casa Real. Em 1860, o edifício abrigou o Clube Fluminense. Sua fachada de desenho neoclássico é resultado de uma reforma ocorrida em 1873. De 1934 a 1990, o prédio abrigou o Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro. A edificação ergue-se segundo o sistema construtivo do século XIX, onde todas as alvenarias da construção têm função estrutural e se apoiam umas nas outras. Na platibanda do Solar Visconde do Rio Seco, há um grupo escultórico composto por quatro estátuas em terracota e sua cobertura é feita com telhas cerâmicas. O imóvel é o único bem tombado do conjunto por instâncias federais, estaduais e municipais.
O imóvel de nº 71, por sua vez, tem projeto original de 1919 e foi construído para abrigar o Real Centro da Colônia Portuguesa, tendo sido, posteriormente, propriedade da Irmandade de Nossa Senhora da Candelária até o ano de 2003, quando foi adquirido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Desde 2009, o local é palco de exposições temporárias e permanentes de arte popular e artesanato, servindo de vitrine para a diversidade da cultura nacional.
O Restauro
A obra de restauração, ampliação e adequação executada pela Biapó nos três edifícios da Praça Tiradentes teve o objetivo de interligá-los para abrigar o CRAB.
O prédio passou por cuidadosa restauração, incluindo fachadas, coberturas, pisos e ambientes internos. Para se adequar aos novos usos, recebeu novas instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado, elevadores, escadas e estruturas metálicas.
Na fachada frontal, a equipe de restauradores recriou paredes de pedra por meio da pintura. Como a área é muito grande, foi criado um padrão, um modelo, que se repetiu numa produção em escala. Para isso, um rolinho de pintura foi adaptado, esculpindo-se o padrão em sua espuma de borracha; após aplicação do padrão com o rolinho, realizaram-se alguns retoques manuais.
No restauro do edifício foram usados mais de 1.000 m² de ipê champanhe de Manaus, produto de reflorestamento, e 540 m² de ladrilhos hidráulicos de São Paulo e Minas Gerais. Até mesmo a cor original da fachada foi pesquisada e reproduzida.
Todas as esquadrias foram produzidas no canteiro de obras, visto que não foi possível o aproveitamento de nenhuma das esquadrias existentes no prédio, pois encontravam-se bastante modificadas.
Entre os destaques está a restauração do grupo escultórico do século XIX, composto por quatro peças que representam alegorias gregas com atributos iconográficos de inspiração positivista: a navegação; a sabedoria e o conhecimento; a indústria e o progresso mecanicista; a abundância. Esculpidas em terracota pigmentada, cada uma delas tem 2,10 m de altura e pesa, aproximadamente, 600 kg. As esculturas que representam a sabedoria e a indústria foram replicadas e posicionadas sobre as platibandas do prédio, nas fachadas principais, voltadas para a Praça Tiradentes. As peças originais foram expostas em local protegido, dentro do casarão. As demais foram restauradas e permaneceram no mesmo local.
A proposta do Sebrae RJ foi transformar o espaço em referência e centro irradiador da cultura do artesanato brasileiro, preservando a herança histórica do local e, ao mesmo tempo, equipando as instalações concebidas como espaços multiculturais com tecnologia de última geração.
Ficha técnica
Localização: Rio de Janeiro (RJ)
Período de restauração: Fevereiro/2014 a março/2016
Proteções existentes: Monumento tombado através do Processo nº 1406-T-97, Inscrição nº 611, no Livro do Tombo das Belas Artes, em 26 de junho de 1998
Obras de restauração: Arquitetônica e artística
Registro fotográfico: Gabriel Côrtes